A ÉTICA E O MEIO AMBIENTE
“Com o tipo de instrumentos que hoje manejamos, se não houver um comportamento ético, ou seja, uma pré-disposição individual e institucional de buscar o bem comum, o que conseguiremos será a destruição” (Ladislau Dowbor).
O momento é extremamente rico para algumas reflexões acerca da ética de um modo amplo, pois há uma preocupação sintomática na sociedade, senão generalizada, pelo menos tem estado presente em quase todos os meios de comunicação, nas universidades, nos debates públicos, nos partidos políticos, nas escolas etc. Afinal o que é ética? Fala-se muitas vezes em ética no sentido de regras, de leis, normas etc. Ética é muito mais do que isso. Os casos veiculados pela mídia sobre corrupção nos poderes executivo, judiciário e legislativo, há muito saíram do campo da ética e se enquadram em categorias de crimes, estelionatos e por ai afora.
A transgressão de leis explícitas que estabelecem o limite entre o que é público e o que é privado, sai do campo ético, passando para o criminal, pois a ética pressupõe valores de consciência moral. Como escreveu o filósofo Emmanuel Kant: A vontade só pode ser considerada moralmente boa ou má se é livre. Assim, a primeira condição para a possibilidade de consciência moral é a liberdade da vontade. Dessa forma, uma atitude ética pressupõe a liberdade de opção do indivíduo entre um ato bom ou mau. Caso a opção for pelo ato mau, ele não sofrerá nenhum tipo de punição, pelo menos de natureza penal ou econômica.
As atitudes do ser humano em relação ao meio ambiente, aos poucos estão deixando a categoria de problema ético para ingressar em uma categoria que chamaríamos de penal, pois a humanidade está assumindo uma posição mais categórica em relação aos riscos da degradação ecológica. Por outro lado, mesmo quando as sociedades estabelecem leis explícitas quanto à utilização de determinados produtos químicos, despejo de poluentes em rios e na atmosfera, desmatamentos etc., se não existirem mecanismos de controle e punição eficientes poucos vão respeitar as regras. Este problema é endêmico em nosso país e estaria possivelmente relacionado a uma cultura tradicionalmente avessa às regras e normas e que tudo pode ser resolvido através do “jeitinho” ou “molhando” a mão do fiscal ou outra autoridade superior.
Infelizmente, em nosso país ainda predomina, de forma cruel, a lei do individualismo, fruto do racionalismo desvinculado das emoções e da percepção do outro. O interesse pelo outro só ocorre quando pode ser utilizado como instrumento para a satisfação de interesses personalistas ou narcíseos. Essa concepção alcançou seu apogeu no final do século XX e está inserida na ideologia do sistema capitalista, que busca a eficiência em termos de resultados financeiros acima de qualquer outro valor humano. O que importa é a realização do projeto individual em todos os campos da atividade humana seja na vida privada ou através das organizações que manipulam de forma eficiente a possibilidade de realização dos desejos de consumo, poder e exposição na mídia. A organização cujo único objetivo esteja centrado na busca do resultado contábil estimula de forma perversa a destruição do outro sem ter consciência de que poderá ser ela mesma vítima desse processo. As organizações deste tipo, de um modo geral, tratam também as pessoas como meros números e não geram nos indivíduos o envolvimento com relação à instituição, pois na busca do sucesso contínuo, geram milhares de seres humanos excluídos.
Não havendo uma ética da reciprocidade, não pode haver vínculos possíveis entre os indivíduos e as instituições em que trabalham, estudam ou das cidades em que moram. A lógica desse sistema ideológico fundado na perversão (paixão mecanicista desvinculada da emoção humana, do amor, da solidariedade) pode levar a humanidade à sua própria destruição, pois não são incutidos nos indivíduos, através das famílias, das escolas e das organizações empresariais ou públicas a cidadania em seu sentido mais profundo, ou seja, o respeito pelo outro. Esta babel gerou também a consciência egoísta dos direitos, no sentido também de satisfazer apenas as necessidades individuais, sem a preocupação com os deveres.
A emergência de uma discussão ética com relação a comportamentos relacionados não só com o meio ambiente, mas em relação a outros valores sociais, que são considerados normais por sua prática usual por políticos, funcionários públicos, empresários e cidadãos de modo geral, pode ser o resultado do início de uma revolução moral em nossa sociedade. Assim, torna-se fundamental estimulá-la em todos os espaços possíveis e, principalmente, nos lares, onde se forja a estrutura básica de um cidadão.
“Com o tipo de instrumentos que hoje manejamos, se não houver um comportamento ético, ou seja, uma pré-disposição individual e institucional de buscar o bem comum, o que conseguiremos será a destruição” (Ladislau Dowbor).
O momento é extremamente rico para algumas reflexões acerca da ética de um modo amplo, pois há uma preocupação sintomática na sociedade, senão generalizada, pelo menos tem estado presente em quase todos os meios de comunicação, nas universidades, nos debates públicos, nos partidos políticos, nas escolas etc. Afinal o que é ética? Fala-se muitas vezes em ética no sentido de regras, de leis, normas etc. Ética é muito mais do que isso. Os casos veiculados pela mídia sobre corrupção nos poderes executivo, judiciário e legislativo, há muito saíram do campo da ética e se enquadram em categorias de crimes, estelionatos e por ai afora.
A transgressão de leis explícitas que estabelecem o limite entre o que é público e o que é privado, sai do campo ético, passando para o criminal, pois a ética pressupõe valores de consciência moral. Como escreveu o filósofo Emmanuel Kant: A vontade só pode ser considerada moralmente boa ou má se é livre. Assim, a primeira condição para a possibilidade de consciência moral é a liberdade da vontade. Dessa forma, uma atitude ética pressupõe a liberdade de opção do indivíduo entre um ato bom ou mau. Caso a opção for pelo ato mau, ele não sofrerá nenhum tipo de punição, pelo menos de natureza penal ou econômica.
As atitudes do ser humano em relação ao meio ambiente, aos poucos estão deixando a categoria de problema ético para ingressar em uma categoria que chamaríamos de penal, pois a humanidade está assumindo uma posição mais categórica em relação aos riscos da degradação ecológica. Por outro lado, mesmo quando as sociedades estabelecem leis explícitas quanto à utilização de determinados produtos químicos, despejo de poluentes em rios e na atmosfera, desmatamentos etc., se não existirem mecanismos de controle e punição eficientes poucos vão respeitar as regras. Este problema é endêmico em nosso país e estaria possivelmente relacionado a uma cultura tradicionalmente avessa às regras e normas e que tudo pode ser resolvido através do “jeitinho” ou “molhando” a mão do fiscal ou outra autoridade superior.
Infelizmente, em nosso país ainda predomina, de forma cruel, a lei do individualismo, fruto do racionalismo desvinculado das emoções e da percepção do outro. O interesse pelo outro só ocorre quando pode ser utilizado como instrumento para a satisfação de interesses personalistas ou narcíseos. Essa concepção alcançou seu apogeu no final do século XX e está inserida na ideologia do sistema capitalista, que busca a eficiência em termos de resultados financeiros acima de qualquer outro valor humano. O que importa é a realização do projeto individual em todos os campos da atividade humana seja na vida privada ou através das organizações que manipulam de forma eficiente a possibilidade de realização dos desejos de consumo, poder e exposição na mídia. A organização cujo único objetivo esteja centrado na busca do resultado contábil estimula de forma perversa a destruição do outro sem ter consciência de que poderá ser ela mesma vítima desse processo. As organizações deste tipo, de um modo geral, tratam também as pessoas como meros números e não geram nos indivíduos o envolvimento com relação à instituição, pois na busca do sucesso contínuo, geram milhares de seres humanos excluídos.
Não havendo uma ética da reciprocidade, não pode haver vínculos possíveis entre os indivíduos e as instituições em que trabalham, estudam ou das cidades em que moram. A lógica desse sistema ideológico fundado na perversão (paixão mecanicista desvinculada da emoção humana, do amor, da solidariedade) pode levar a humanidade à sua própria destruição, pois não são incutidos nos indivíduos, através das famílias, das escolas e das organizações empresariais ou públicas a cidadania em seu sentido mais profundo, ou seja, o respeito pelo outro. Esta babel gerou também a consciência egoísta dos direitos, no sentido também de satisfazer apenas as necessidades individuais, sem a preocupação com os deveres.
A emergência de uma discussão ética com relação a comportamentos relacionados não só com o meio ambiente, mas em relação a outros valores sociais, que são considerados normais por sua prática usual por políticos, funcionários públicos, empresários e cidadãos de modo geral, pode ser o resultado do início de uma revolução moral em nossa sociedade. Assim, torna-se fundamental estimulá-la em todos os espaços possíveis e, principalmente, nos lares, onde se forja a estrutura básica de um cidadão.