sexta-feira, 8 de abril de 2022
O NACIONALISMO E AS GUERRAS
O NACIONALISMO E AS GUERRAS
O nacionalismo é uma das mais nefastas ideologias, pois sob o pretexto de defender os interesses nacionais, foi ao longo da história o responsável por quase todas as guerras. Na maioria das vezes as guerras são incentivadas pelas burguesias industriais, comerciais ou financeiras, que induzem os governantes a atacarem países concorrentes de seus produtos ou para ampliar os mercados. Outras vezes o desejo de um governante se perpetuar no poder ou para se manter nele quando se sente fraco. Se lança às aventuras e como sempre acontece colocando o povo para morrer pela pátria e ou viver sem razão como diz uma velha canção.
A narrativa do Putin para invadir a Ucrânia se insere no segundo caso. Um governante querendo afirmar seu poder autoritário, alegando que o país vizinho fazia parte da Rússia e por isso não deve ser uma nação independente. Ele justifica a invasão alegando que está defendendo os interesses do povo russo. Do povo russo? Que cinismo. Que interesses teriam os russos em incorporar uma nação apenas por razões étnicas e históricas? Os povos criam as suas identidades a partir do isolamento por razões geográficas, políticas e culturais. A partir do momento em que se criou uma identidade como povo, não há possibilidade de retorno às condições anteriores. O próprio Lenin, líder da Revolução Russa de 1917, quando reconheceu essa identidade, criando a República da Ucrânia, com certeza não fez isso do nada. Havia razões históricas, políticas, culturais e sociais para essa decisão.
Marx, era um crítico do nacionalismo, pois o considerava um atraso político que atrapalhava o pleno desenvolvimento da consciência de classe. Via essa ideologia como válida apenas quando se tratava de uma luta para a autodeterminação dos povos. No entanto, quando essa autodeterminação só servia para atender aos interesses da burguesia, perdia todo o sentido, pois segundo ele, o povo continuaria sendo explorado pelo capital, agora nacional e não mais pelo colonizador ou nação dominante.
Zelensky, apesar de defender o território invadido de forma ilegal, sem um motivo justificável, também apela pelo nacionalismo do povo ucraniano, mas no caso existe um sentido libertário. Ceder ao governo russo seria abdicar do direito do povo ucraniano decidir o seu destino como nação e se submeter ao autoritarismo de Putin. Durante mais de 60 anos os ucranianos, como também todos os povos da antiga URSS, foram submetidos a governantes totalitários, começando com Lenin e depois o cruel Stalin durante 25 anos. Nunca houve democracia no socialismo soviético. As pessoas desapareciam ou eram deportadas para a Sibéria sob qualquer suspeita de questionamento sobre o regime. Os mais velhos devem se lembrar de uma época em que morria um general quase todos os dias. Era muita coincidência. Mesmo revolucionários de primeira hora foram perseguidos e presos com as mudanças de humor do ditador de plantão. E assim, quando chega a oportunidade de se libertarem do jugo autoritário, o nacionalismo russo é usado como pretexto para a Ucrânia se tornar novamente num protetorado russo.
Hitler quando resolveu invadir outros países alegando que na Checoslováquia e Polônia existiam cidadãos alemães, na realidade queria mesmo expandir o território germânico e ampliar o controle sobre o comércio em toda Europa. Solano Lopes no século XIX, queria expandir o território paraguaio até o Oceano Atlântico. Para isso, iniciou uma guerra absurda com o Brasil, Uruguai e Argentina que levou a população ao quase genocídio, restando velhos, mulheres e crianças. O General Galtieri, ditador argentino, nos anos 1980, tirou da gaveta uma velha reivindicação dos argentinos sobre as ilhas Malvinas, que estão sob o poder inglês há quase duzentos anos e decidiu invadir as ilhas. Levou uma surra que destruiu a vida de milhares de jovens apenas para mantê-lo mais tempo no poder medindo forças com uma grande potência militar. Derrotado, logo caiu, pois ninguém se sustenta no vácuo.
A história está repleta de exemplos de movimentos nacionalistas que resultaram no sofrimento das populações, com grandes hordas de refugiados, crianças órfãs, viúvas com filhos sem amparo, aleijados e economias arruinadas. Será que a pátria amada compensa tudo isso?
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