quarta-feira, 18 de março de 2009

MUNDIALIZAÇÃO: O CAPITAL FINANCEIRO NO COMANDO

MUNDIALIZAÇÃO: O CAPITAL FINANCEIRO NO COMANDO
FRANÇOIS CHESNAY

O sociólogo Chesnay parte da crítica aos conceitos utilizados para definir a nova globalização da economia, optando pela expressão mundialização da economia, que a seu ver, expressa de forma mais explicita o sistema capitalista de produção. Para ele a expressão mercado é utilizada como metáfora do sistema capitalista, fundamentado na propriedade privada dos meios de produção.
O fetichismo do capital financeiro transforma o dinheiro em algo que não tem relação com o processo produtivo, parecendo externo a ele, algo independente. O dinheiro adquire um sentido fantasmagórico, desvinculado da realidade concreta da sociedade capitalista. O autor desmistifica também o papel do Estado Nacional no processo de mundialização das economias, que longe de ser vítima, é um agente ativo, mostrando historicamente sua ação efetiva nas mudanças que abriram caminho ao capitalismo globalizado. A derrocada do mundo socialista foi, segundo o autor, precedida de providenciais mudanças construídas pela burocracia soviética, abrindo espaço para o triunfo do neoliberalismo.
A globalização na busca da rentabilidade máxima mostra o caráter seletivo do capital ampliando o nível de desigualdade entre nações e povos. É, nas palavras do autor, uma homogeneização que gera heterogeneidade (ou uma igualdade que gera desigualdades). Tal como a sociedade dividida em classes, a mundialização cria também uma hierarquização entre os países no sistema de relações produtivas através da divisão internacional do trabalho.
Chesnay procura enfatizar o caráter sistêmico do processo de mundialização do capitalismo como a “totalidade sistêmica”, conjunto ordenado em torno da tríade (os três grandes centros do capitalismo mundial: EUA, Europa e Japão) Neste contexto, os Estados Nacionais sobrevivem, estreitando suas relações com o capitalismo mundializado. Assim, as possibilidades de expansão só se tornaram possíveis a partir das ações políticas desenvolvidas pelos Estados Nacionais. As possibilidades do modelo estão ancoradas numa ampla base internacional que possibilita a “jogatina” financeira, manejando os capitais de acordo com a rentabilidade oferecida num universo com fronteiras bastante permeáveis para sua ação. As finanças comandam o nível e o ritmo de acumulação do capitalismo, determinando onde e quando ampliar a capacidade produtiva, enfraquecendo assim, a possibilidade de resistência dos assalariados.
Os países em desenvolvimento ou economias periféricas ficam na dependência da avidez do capital financeiro por altas e contínuas taxas de acumulação (juros sobre juros). Esses capitais revoam o globo à procura de novas vantagens competitivas como reservas de matérias-primas e recursos naturais, dimensão do mercado interno desses países e mão-de-obra qualificada, barata e com relações de trabalho com pouca regulamentação (poucos impostos e quase nenhum controle).
As crises financeiras longe do diagnóstico clássico, são a rigor, resultantes da impossibilidade de se assegurar acumulação suficiente para atender ao voraz apetite do capital mundializado. Assim, o capital bate em retirada, realizando lucros diante o menor ruído de ameaça, jogando esses países periféricos em profundas crises econômicas e financeiras.
A abordagem de Chesnay invoca em vários momentos o caráter sistêmico da mundialização do capital, sugerindo que a crise que assola os países periféricos e em menor grau os países do chamado primeiro mundo, não é individual ou localizada, mas está inserida numa esfera mais ampla e, portanto, sem solução no contexto das receitas monetaristas clássicas. A crise vai depender, portanto, da capacidade de realimentação do sistema para a manutenção do equilíbrio dinâmico.




2 comentários:

Rodolpho disse...

e ae professor parabéns pelo seu blog, eu tava estudando para p2 quando vi no Google Renato ladeia ai eu entrei para ver.
Poxa professor o sr. tinha que colocar alguns comentários a respeito do texto. rsrsrsrsrs
abraços professor.

Rodolpho Oliveira

Renato Ladeia França disse...

Rodolpho,

Dá para perceber que há tempos não abro esse blog. De qualquer forma agradeço pela paciência em lê-lo.

Abraços