quarta-feira, 18 de março de 2009

OS NÚMEROS NÃO MENTEM





Os números dizem muito e para isto basta ter um pouco de paciência para ler as suas mensagens, fazendo alguns cálculos de aritmética básica para chegar à informações bastante intrigantes. Através do Relatório Desenvolvimento Mundial de 1993, editado pela ONU, pode-se verificar algumas projeções sobre o crescimento da população mundial até o ano 2030 que desperta algumas curiosidades para não dizer perplexidades. Vejamos alguns dados. As economias de rendas baixas e média, apresentavam em 1991, uma população total de 4,528 bilhões de habitantes, enquanto as economias de alta renda, 822 milhões de habitantes. As projeções para o ano 2000, que parecem bastante consistentes pelos números disponíveis na imprensa, indicam que as economias de rendas baixas e média, acrescentaram às suas populações no período de nove anos, algo astronômico como 766 milhões de novos seres humanos. Descendo a detalhes, verifica-se que somente nas economias de baixa renda, foram acrescidos 559 milhões de habitantes no período. Por outro lado, as economias de alta renda, tiveram um crescimento de apenas 6 milhões de habitantes num período de nove anos.

Sem querer fazer terrorismo malthusiano, os dados relativos ao PNB per capita, também neste mesmo relatório, indicam que as economias de renda média apresentaram em 1991, um PNB per capita de 2480 dólares anuais, enquanto as de baixa renda de 350 dólares anuais. Por seu turno, as economias de alta renda, chegaram a um PNB per capita de 21020 dólares anuais neste mesmo ano. Enquanto isso, as economias de baixa renda devem apresentar um crescimento demográfico médio anual da ordem de 2% até o ano 2000 e as economias de alta renda devem manter uma taxa média de 0,6%. Pelos dados é simples verificar que os países de renda baixa precisariam que o PNB per capita crescesse pelo menos trinta vezes em um período de dez anos para alcançar um PNB per capita equivalente a metade das economias de alta renda. Ainda assim, teria um outro detalhe: a taxa de natalidade teria que estar próxima de zero. Assim, com um crescimento anual do PNB entre 2 e 3%, e com um crescimento da população de 2%, é como a história do cão correndo atrás do rabo, ou seja, nunca chegaremos em tal patamar, pelo menos com a atual estrutura econômica.

Mantendo o atual nível de crescimento das populações dos países de baixa e média rendas, anualmente, mais de 100 milhões de novos seres humanos são acrescidos aos padrões subumanos de existência sem a perspectiva de crescimento econômico compatível. Como estas populações vivendo em condições precárias de saúde e educação fica cada vez mais difícil pensar na reversão deste quadro, ou seja, redução da taxa de natalidade e crescimento econômico sustentado. Enquanto os países de alta renda necessitam aportar relativamente poucos recursos em saúde e educação, pois contam com infra-estrutura adequada, os países de baixa e média rendas, necessitam de cada vez mais recursos para o atendimento das novas demandas decorrentes do crescimento da população.

3 comentários:

Bárbara disse...

Sem terrorismo Malthusiano, eu temo pela água, mais que tudo. Temo pela água como uma commodity no futuro próximo, temo pelas guerras em solo tupiniquim que podem ser desencadeadas quando a seca atingir a todos. Nosso rio Amazonas, nosso potencial natural... tenho medo que isso aqui vire um continente de Gaza.

Renato Ladeia França disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Ladeia França disse...

Talvez você tenha razão e o grande problema da nossa civilização seja garantir a água para todos. Ainda hoje li uma reportagem sobre a escassez de água na China, com sérias ameaças para mais de 400 milhões de habitantes. O capitalismo predatório não mede esforços para destruir todos os recursos naturais. O desmatamento da Amazõnia vai transformá-la em um futuro não muito remoto em um deserto e como o ciclo de chuvas na região sudeste depende dessa floresta, "Não verás país nenhum", tornando o livro do Loyola numa triste realidade.
Aproveito para desculpar-me por ter lido o seu comentário com tanto atraso.