É provável que o pioneiro do ensino de administração no país, o Pe. Sabóia de Medeiros ao criar o primeiro curso de Administração de Empresas no Brasil, em 1941, na Rua São Joaquim, no bairro Liberdade, denominado como Escola Superior de Administração de Negócios – ESAN*, não imaginou que esse curso teria a expansão que alcançou, sendo hoje o responsável pelo maior número de matrículas em cursos superiores em todo o país. Depois disso, o incansável empreendedor funda também a F.E.I., a escola de engenharia que também fez história, como uma das mais importantes escolas do gênero no país.
Para criar o curso de Administração o Pe. Sabóia de Medeiros foi buscar em Harvard, Estados Unidos, a base curricular do curso, que visava preparar profissionais já atuantes em empresas, mas sem a formação adequada para tal. É dele também, a visão de que o administrador precisava ter uma forte formação humanista, incorporando no curso as disciplinas das ciências sociais. Muitos dos primeiros alunos do curso não tinham o segundo grau, o que não era impeditivo, pois não havia naqueles tempos, a regulamentação de cursos superiores como atualmente. Muito embora, na época, concluir o segundo grau já era uma façanha pouco acessível à maioria da população paulistana. Concluir o antigo ginásio, já era um passo importante em busca da empregabilidade nos escritórios e bancos da cidade.
Ter a formação em Administração de Empresas significa ser um generalista ou um profissional com conhecimentos para atuar em praticamente todas as áreas das organizações de pequeno e grande porte. É óbvio que na área de produção o administrador tem uma atuação mais limitada aos aspectos clássicos da administração burocrática, como planejamento, controle e coordenação, mas nas demais, ele pode reinar inconteste, pois se encaixa em praticamente todas as demais áreas e atividades das organizações, sejam elas públicas ou privadas.
O crescimento do curso ao longo dos anos tem sido vertiginoso. De 32 egressos em 1942, hoje são formados mais de 100.000 administradores de empresas por ano, representando mais de 18% dos graduados em cursos superiores no país. O número pode parecer grandioso, mas se considerarmos que no existem mais de cinco milhões de empresas no Brasil, ainda há muito campo para a atuação desse profissional. Mesmo considerando as outras profissões que ocupam cargos em atividades teoricamente privativas do administrador de empresas, como engenheiros, economistas, contadores, advogados etc, pode-se afirmar que a profissão ainda dispõe de muito espaço para ser ocupado na iniciativa privada ou no setor público.
De qualquer forma, é ainda um curso jovem, pois apenas em 1961, precisamente em 28/01/61, o curso de Administração de Empresas da ESAN foi reconhecido, vieram depois as demais escolas como a EAESP da GV. A profissão de Administrador, em que pesem existirem muitas profissões consolidadas ainda não reconhecidas, só ocorreu em 1965, por decreto do presidente Juscelino Kubistchek. Esse é apenas um dado histórico, pois reconhecida ou não, o profissional de Administração já se firmava no mercado de trabalho, mostrando que as profissões de advogado, médico e engenheiro encontravam mais uma carreira na luta pela mobilidade social.
Outro aspecto interessante, é que o curso de Administração começou como um curso predominantemente masculino. No longo período de 1942 a 1966, formaram-se apenas 10 mulheres de acordo com dados do Anuário do CRA. Hoje, em sintonia com a revolução feminina do século XX, as mulheres vêm alcançando a maioria nas escolas paulistas de Administração, despontando cada vez mais em cargos executivos e de média chefia nas empresas.
Administração é realmente um curso de futuro e para o futuro, pois a ampliação de atividades de serviço numa sociedade pós-industrial, nas palavras de Peter Drucker, vai gerar uma demanda cada vez maior para esses profissionais que estarão, sem dúvida alguma, mais próximos do poder político. Será impossível visualizar um congresso dentro de vinte anos sem um grande número de administradores, competindo com os advogados e outros profissionais. E com certeza eles estarão também na maioria dos postos tecnoburocráticos da administração pública nos níveis municipal, estadual e federal. Quem ganhará com isso será a sociedade brasileira, pois a formação generalista e racionalista desses profissionais possibilitará um setor público mais dinâmico e permeável a mudanças.
* Hoje Centro Universitário da FEI
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